segunda-feira, 6 de julho de 2009

Barra Grande, e uma pitada de Ilhéus (BA)

Em Camamu, você desce do ônibus onde saem as embarcações para Barra Grande. Depois de conseguir me desvencilhar do pessoal que vende a viagem de lancha, consegui pegar o barco convencional às quatro e vinte da tarde. Em uma hora e meia de viagem, peguei o entardecer atravessando o rio. Quem curte a madrugada e tem TV em casa, alguma vez já viu o final de programação da TV Cultura com o hino nacional e imagens do Brasil: então, me senti mais ou menos neste clipe. Peixes saltando na água, um monte de aves, manguezal, aquela luz amarela.

O centro é bem pequeno, dá pra fazer tudo a pé. Ruas de areia, cidade estava vazia e nenhum caixa eletrônico ou lanchonete que aceitasse Master Card RedeShop... a não ser uma padaria que vi poucas vezes aberta. Sem dinheiro, decidi passar apenas uma noite e um dia em Barra Grande.

No dia seguinte, caminhei, e encontrei mais “aquários” que piscinas naturais. Muitos peixes coloridos, tudo lindo...

Daí, veio a volta -- que é um capítulo a parte digno de um conto para o Blog do Caçula (aproveitar que estou com mais de seiscentos acessos e divulgar o “primo pobre”...rs). Resumidamente: cheguei às seis e vinte, já estava escuro, em Camamu para tirar dinheiro – lembra que não tinha caixa em Barra Grande? Então, em Camamu também não tem – e pegar um ônibus para Ilhéus... A cidade toda fechada, exceto por uma padaria que iria fechar às sete. Medão. A lojinha que vende as passagens de ônibus estava fechada, porque a moça que trabalha lá tem medo de ser assaltada à noite – como me disseram. E acredito que o medo da moça é justificável: lugar bem estranho. Sairia mais um ônibus para Porto Seguro às onze horas, mas eu não tinha como comprar a passagem e o motorista não era autorizado a vendê-la. Não tinha como tirar dinheiro, se pagasse uma pousada não teria para pegar ônibus no dia seguinte. Procurei um lugar mais seguro e encontrei: estava começando o culto numa Assembléia de Deus. De mochila, bermuda, sujão, não achei adequado entrar na igreja, ou templo, ou sei lá o nome que dão: acompanhei o culto todo – que mais parecia um show Gospel – da porta da igreja, segurando a vontade de entregar pra deus a sorte de meu destino... se fosse para eu me converter, o momento era aquele... rs... O culto acabou às nove e meia e eu estava a mercê da sorte outra vez.

É nestas horas os tais “anjos da guarda” justificam a fama, né? E surgiu o meu, ou surgiram. Voltei para o lugar de onde o ônibus iria sair e ouvi um grito: “Porto Seguro, amigo?” Era um cara deitado sobre papelões, com uma coberta amarela. Resumindo o resumo: ficamos eu, ele (que eu não me perdôo por não saber o nome) e o Edy – que chegou depois – ficamos conversando por duas horas, ele descolou até um cafezinho e umas bolachas água e sal e, quando o ônibus chegou, foi ele quem articulou com o motorista uma carona pra mim. Os caras me tranqüilizaram e de quebra rolaram várias histórias bacanas como a do padre que foi esfaqueado em Camamu (naquele tempo) e enquanto ele era esfaqueado ele jogou uma praga dizendo que aquela cidade não ia pra frente enquanto não tivesse uma igreja virada para o mar. Não sei se foi por causa da praga ou dos políticos que passaram por lá, mas a cidade – que não tem nenhuma igreja virada para o mar ainda – não parece estar caminhando bem das pernas.

Bom, consegui a carona para Itabuna, onde peguei um ônibus às duas da manhã para Ilhéus. Cheguei à rodoviária de Ilhéus às três e pouco da manhã, no fim das comemorações pelo aniversário de 475 anos da cidade e senti medo. Já tinha conseguido tirar dinheiro na rodoviária de Itabuna, chamei um táxi e arrumei uma pousada. Dormi até meio-dia, saí da pousada uma e meia da tarde, caminhei pela cidade e fui para a rodoviária: queria ir logo para Porto Seguro.

Mas, por ora, fique com as fotos de Barra Grande, na próxima postagem, fotos de Ilhéus e a história das seis horas que fiquei nas redondezas da rodoviária de Itabuna esperando o ônibus para Porto Seguro... até mais..

PS: Cheguei a Caraíva, fico um dia aqui. Estou devendo fotos de Ilhéus, Porto Seguro, Arrial d’Ajuda e Trancoso. Devo, não nego...


























Assembléia de Deus e Cavalo-Marinho dando exemplo do que acontece com quem vacila em Camamu


2 comentários:

  1. que fotos, gus!

    essa volta está sensacional!!!

    beijo,

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  2. meu deus... toda vez que eu entro aqui, me dá uma vontade louca de sair correndo por esse mundo...

    Volte, volte logo para beber com a gente! rs...

    Beijooooos!
    Lu Minami

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